o que permite que essa embalagem seja arte?
onde esse cone de papel é um objeto de arte?
as idas e vindas dos vendedores de amendoim são uma performance?
Essas são as três frases impressas nos pedaços de papel usados por Beto e Ismael para fazer o cone de papel que guarda a mais conhecida iguaria do comércio ambulante do Rio de Janeiro: o amendoim. Contratados como artistas, o papel de Beto e Ismael era o de oferecer ao público visitante da Casa Daros estas “sementes de ouro” que lhes proporcionam tanto o seu sustento quanto o seu lazer.
Para tanto, havia apenas uma condição para essa troca: só poderia comer a guloseima aprendesse a fazer a sua própria embalagem - a tarefa mais complexa e demorada do venda de amendoim.
O cone, deslocado de seu contexto usual, vira arte? A obra envolvida em sua fabricação, um gesto poético? O conhecimento envolvido no seu fazer, que é passado de pai para filho, de geração em geração, um processo de aprendizagem?
“Trocas que não sabem” é uma performance que visa alargar as fronteiras entre a arte e a vida, transformando a ação de fazer esses cones de amendoim em um processo poético.
Retirada de seu contexto original de comércio ambulante, de uma troca monetária para uma troca de saberes, a presença dos vendedores de amendoim cria, no espaço do museu, um dispositivo que compartilha saberes, afetos e horizontalidades.
Special thanks to Ismael and Beto, Instituto Mesa and Jessica Gogan.