o primeiro achava a realidade sem graça
o segundo achava graça demais na realidade
o primeiro sentia falta de asas e se entristecia com o fato de que nunca poderia voar
o segundo lamentava a constatação de que não bastava ter mãos para tocar as almas humanas
o primeiro queria morar em Marte, Júpiter ou qualquer outra lua de uma galáxia distante
já o segundo sonhava com o dia em que moraria no Butão, longe de qualquer forma ou ritmo de opressão
o primeiro aspirava pela possibilidade de fazer longas viagens espaciais
o segundo suspirava de amores pelas viagens existenciais
o primeiro já tinha perdido as esperanças de ato belo que provenha da humanidade
o segundo insistia e pagava o preço de ainda manter no olhar certa ingenuidade
dois estranhos que, dentre tanto deslocamentos, tinham uma coisa em comum
: eles sabiam que eram dois estranhos que se encontraram em um mundo ainda mais estranho